domingo, 12 de dezembro de 2010

Ficha de auto e hetero-avaliação de Susana Pais

Ficha de leitura nº2 de Susana Pais

Ficha de leitura nº1 de Susana Pais

Ficha de auto e hetero-avaliação de Rita Peixoto


Ficha de leitura nº2 de Rita Peixoto

Ficha de leitura nº1 de Rita Peixoto

Ficha de auto e hetero-avaliação de Maria Gonçalves

Ficha de leitura nº2 de Maria Gonçalves

FICHA DE LEITURA



Nome: Maria João Meira Gonçalves
Grupo: Daniela Marinho, Maria João, Rita Peixoto e Susana Pais
Tema: Persuasão e manipulação
Data: 11 Dezembro 2010
Autor e/ou Entidade: Adolfo Hitler


Síntese/Citações/Esquemas/Tópicos/Reflexões:
Manipular
Manipular equivale a manejar. Os objectos são susceptíveis de manejo. Posso utilizar uma esferográfica para as minhas finalidades, guardá-la, trocá-la, descartá-la. Estou no meu direito, porque se trata de um objecto. Manipular é tratar uma pessoa ou grupo de pessoas como se fossem objectos, a fim de dominá-los facilmente. Essa forma de tratamento significa um rebaixamento.

Síntese

Assim como muitas figuras conhecidas, Adolfo Hitler adquiriu a crença na superioridade da "Raça Ariana" que formava a base das suas visões políticas e na inimizade natural dos judeus responsabilizando-os pelos problemas económicos alemães. O partido Nazista era constituído por um pequeno número de extremistas, Hitler descobriu seus talentos: oratória pública e o de inspirar lealdade pessoal, fez com que atraísse um número de seguidores significativamente alto; devido os seus dotes de oratória, foi nomeado líder com o objectivo de influenciar outros soldados que tinham ideais iguais ou similares. Ele tinha duas características particulares como Um grande orador (muito carismático) e ultra Nacionalista. Hitler com o seu discurso aos jovens pretendia que estes seguissem os seus ideais e não permitia que vissem a verdade pois para estes jovens, Adolf era uma figura publica importantissima que de modo algum poderiam contestar visto que este tinha um enorme poder e que poderiam arriscar a sua vida. Nas escolas as crianças aprendiam os ideais de Adolf, cresciam a viver com aquela mentira e com repugnancia aos judeus o que fazia com que quando estes crescessem e fossem dependentes, seguissem o exemplo de Hitler pensando que o que estavam a fazer era correcto. De facto Hitler tinha uma grande caracteristica pois com as suas teses e argumentos provocava uma enorme adesão do auditorio assim como se ve no vídeo.
“Voces precisam aprender a aceitar privações sem nunca as esmorecer. Não importa o que criemos ou o que façamos mas em voces a Alemanha viverá”. É um dos muitos exemplos em que é notável a manipulação de Hitler, que com o tom de voz que utiliza provoca de seguida uma positiva agitação da parte do auditório.

Citações

“Com um sorriso satânico em seu rosto, o jovem judaico de cabelos negros esconde-se na espera da garota inocente que ele suja com seu sangue, roubando-a assim de sua gente.”
“Acima de tudo, exijo que o governo e o povo sustentem a lei racial até o limite e resistam impiedosamente ao envenenador de todas as nações, o Judaísmo internacional.”
“O Cristianismo é uma invenção de cérebros doentes.”
“Toda propaganda tem que ser popular e acomodar-se à compreensão do menos inteligente dentre aqueles que pretende atingir.”
“Um dos mais tolos enganos que poderíamos cometer seria permitir que os povos conquistados do leste possuíssem armas. A história ensina que todos os conquistadores que permitiram a posse de armas pelas raças dominadas prepararam sua própria queda ao fazê-lo.”
“A educação universal é o veneno mais corrosível e desintegrador que o liberalismo já inventou para sua própria destruição.”
“Quando um oponente declara, "Não vou ficar do seu lado", eu calmamente digo, "Seu filho já pertence a nós... o que é você? Você vai morrer. Seus descendentes, no entanto, agora ocupam o novo campo. Em pouco tempo eles não conhecerão nada além desta nova comunidade".”

Tópicos

Hitler via os outros como inferiores e usou isso como proveito próprio.
Desprezou a individualidade e liberdade de decisão dos ouvintes.
Houve uma imposição, tentando evitar a reflexão e a liberdade de decisão dos jovens alemães.
Houve uma relação desigual, em que os jovens foram usados como instrumentos ao serviço do manipulador.
Hitler seduziu o seu auditório com um mau uso da retórica.
Este via os outros como pessoas diferentes, como seres inferiores.
Anulou ao máximo a autonomia dos ouvintes e a sua capacidade de avaliação da situação.
Usava o poder como fonte de popularidade.
Iludia os jovens com os seus discursos.


Reflexões

Este tipo de manipulação leva às pessoas à reflexão das atitudes tomadas e os argumentos oferecidos pelo orador. Neste caso, o orador é uma figura influente capaz de seduzir o seu auditório com argumentos pouco racionais. No vídeo, é notável em muito excertos que a manipulação é de tal ordem que os jovens alemães seguem à risca todos os ideais que Hitler defendia. Para além disso ve-se um vasto auditório cheio de jovens com as mesmas características havendo uma grande desigualdade e discriminação pelos jovens de outras raças e etnias.

Queremos ser uma nação unida e vocês meus jovens, formarão esta nação. E vocês precisam de se educar para tal pois queremos que estas pessoas sejam obedientes, precisam de praticar a obediência (…). Vocês precisam almejar a paz e serem corajosos ao mesmo tempo. Não queremos que esta nação seja fraca, ela precisa de ser forte e vocês precisão de se endurecer enquanto são jovens.”

Desta maneira Hitler convenceu os jovens alemães com a sua oratória pois usou muitas estratégias, como a repetição, o tom de voz entre outros e assim foi criada a juventude Hitlerista.
Como estratégias utilizadas para provocar adesão dos jovens foi a censura e a propaganda. Assim, para que o seu objectivo fosse cumprido, Hitler fez com que os jovens aceitassem e realizassem algo contra os seus melhores interesses evitando o espírito critico e procurando desviar as atenções do próprio.
Assim não dava espaço para que houvessem criticas, escondia os seus objectivos por ntre diversos argumentos tendo como finalidade convencer estes jovens de que as suas ideias eram as melhores e que se seguissem o seu exemplo a nação iria ser unida, nunca esquecendo que estes devem ser obedientes e cumpridores.
Em suma, para além de Hitler ser um grande orador, que conseguiu mediante o seu discurso provocar uma grande adesão do seu auditório, fez um mau uso da retórica.

Ficha de leitura nº1 de Maria Gonçalves

FICHA DE LEITURA




Nome: Maria João Meira Gonçalves
Grupo: Daniela Marinho, Maria João, Rita Peixoto e Susana Pais
Tema: Persuasão e manipulação
Título: Persuasão
Data: 11 Dezembro 2010
Autor: Jane Austen
Local: Porto
Editora: Book it
Cota:



Síntese/Citações/Esquemas/Tópicos/Reflexões:

Síntese



A fortaleza das personagens femininas dos romances de Jane Austen, desponta em toda a sua glória com a heroína de “Persuasão”, Anne Elliot. Por detrás de uma aparência de fragilidade, de submissão incondicional a um pai indiferente e narcisista que vive rodeado de espelhos na mansão da família, e a uma irmã escrava das convenções sociais em vigor, Anne não abdica da sua independência intelectual.
Contudo, a personagem Anne Elliot sofre uma evolução nos dois momentos chave da obra. Enquanto jovem requestada por um simples Capitão da Marinha Britânica sem posição social nem fortuna, ela cede ao peso do parecer familiar: Wentworth não era um partido ao nível da fidalguia que o nome Elliot comportava. Apesar do amor que por ele sentia, Anne cede às exigências familiares, deixa-se persuadir por uma ilusão imposta e termina um noivado que nunca chegara a efectivar-se. Oito anos passados desde a decisão que a mortificara, Anne reencontra o Capitão Wentworth devido ao facto de Sir Walter Elliot se ver obrigado a alugar Kellynch-Hall, a casa no Somersetshire desde sempre habitada pela família, ao Almirante Croft e esposa (irmã do Capitão Wentworth), graças a problemas financeiros. E Anne, ao revê-lo e apesar do desinteresse aparente por ele manifestado, persuade-se de que nunca deixara de o amar. E é esta cedência íntima da heroína à inevitabilidade do seu amor por Wentworth que acompanhamos ao longo da quase totalidade do livro.
Wentworth mostra-se interessado em assentar, agora que conseguira posição e fortuna consideráveis após várias comissões no estrangeiro, no entanto, o orgulho ferido pela rejeição de que fora vítima, a certeza de que a Anne faltava o carácter necessário para impor uma vontade férrea, levam-no a procurar noiva noutra casa de família onde o seu nome não estivesse manchado pela lembrança de um tão ignominioso repúdio. Assim, Wentworth deixa-se também ele persuadir mas pela convicção de que a sua presença junto de uma certa jovem, era entendida como genuíno interesse e cede à possibilidade de ter de, por uma questão de honra, pedir a mão em casamento a Louisa Musgrove.
Preparado que estava para assumir as suas responsabilidades, um incidente com Louisa obriga-a a convalescer na companhia de um amigo de Wentworth e com a ausência deste, um inesperado noivado é dado a conhecer entre ambos. Wentworth estava liberto da suposta obrigação em que se vira enredado.
E desta forma, o antigo sentimento que o unira a Anne aflora-lhe novamente ao coração e deixa-se abandonar, persuadido que finalmente estava de que nunca deixara de a amar, ao fito único de a “acompanhar” onde quer que ela se encontrasse.
Um feliz desencadear de acontecimentos, provocados por acasos duvidosos (parecendo mais “manipulados” por um braço mecânico que consolida as peças da história por forma a que Anne e Wentworth se encontrassem frente a frente desnudados de preconceitos) provocam a compreensão de ambos os envolvidos nesta história de amor, a compreensão de que é inútil fugir ao sentimento que os avassala e de que os outros são apenas isso: Outros. O tempo é dos que se amam e o amor vence sempre.

Citações

“ Sendo muito bonita e muito parecida com o pai, exercera uma grande influência sobre ele.”
“Consultou-a e foi, até certo ponto, influenciada por ela ao traçar o esquema de poupança que foi, por fim, submetido a Sr. Walter.”
“Queria que isso fosse recomendado e considerado como um dever.”
“Sr.Walter e Elizabeth foram levados a acreditar que, com a mudança, não iriam perder importância nem deixariam de se divertir.”
“Lady Russell tinha outra excelente razão para se sentir extremamente satisfeita por Sir Walter e a sua família irem sair da região.”
“Na realidade, Lady Russell tinha muito pouca influencia junto a Elizabeth.”
“ …me deixo convencer a alugar a casa”
“ …na sua ansiedade de assegurar que Sir Walter aceitasse um oficial da Marinha como inquilino …”
“Iludiu-me com o termo cavalheiro.”
“Considerá-lo como desejo certo de todas as pessoas com possibilidades de te influenciar.”
“Se eu errei ao ceder uma vez à persuasão, lembra-te de que foi uma persuasão exercida a pensar na segurança, não no risco.”


Tópicos

      ·         A persuasão tenta levar-se um auditório a aderir a uma tese ou a uma acção
  • A persuasão é moralmente aceite porque há um uso racional da palavra e "o outro" é visto como um outro "eu".
  • Há uma relação de igualdade entre orador e ouvintes
  • Os objectivos da argumentação estão definidos e são claros, há transparência
  • O orador vê os ouvintes como seres iguais a si e aceita a decisão deles
  • A persuasão é  o bom uso da retórica
  • Nesta não se impõe nada, dá-se liberdade aos ouvintes para reflectirem e decidirem individualmente;
  • A argumentação para ser convincente tem de fazer apelo à razão, ao julgamento de quem participa ou assiste ao confronto de ideias.

Reflexão

“Concordo absolutamente com o meu pai e também acho que um oficial de Marinha seria óptimo
inquilino. Eu já conheci muitos; e, além da sua liberalidade, são muito arrumados e cuidadosos! Estes seus valiosos quadros, Sir Walter, se decidisse deixá-los cá, estariam perfeitamente seguros. Tudo o que está cá dentro e à volta da cãs seria extremamente bem cuidado! Os jardins e os bosques seriam tão bem tratados como são agora. Não tenha receio, Miss Elliot, de que o seu belo jardim seja negligenciado.”

Neste excerto é notável a persuasão entre Dr. Shepherd e Sir Walter. O que pretendia Dr. Shepherd era fazer com que Sir Walter alugasse a sua casa ao Cavalheiro da Marinha. Para isso usou argumentos que levassem este ultimo a aceitar a proposta. Usou argumentos necessários que afirmavam que podia confiar no oficial da Marinha, assegurando que a casa ficaria igual a partir do momento que fosse alugada. Dr. Shepherd usa argumentos para provocar a adesão a que este pretendia, dá liberdade ao Walter para que este reflicta e decida individualmente, faz o apelo a processos menos racionais e usa argumentos sedutores porque Dr. Shepherd reforça os seus argumentos despertando emoções. Como resultado desta persuasão bem empregue Sir Walter aceitou então a conclusão de Shepherd e aceitou alugar a casa ao oficial de Marinha.

“Tenho estado a pensar no passado e a tentar julgar imparcialmente o que esteve certo e o que esteve errado, quero dizer, a respeito de mim própria; sou obrigada a acreditar que tive razão, por muito que tenha sofrido por causa disso, que tive razão em me deixar guiar por uma amiga de quem vais gostar mais do que agora gostas. Para mim, ela era como minha mãe. Não me interpretes mal, porém. Foi talvez, um daqueles casos em que o concelho é bom ou mau segundo o desenrolar dos acontecimentos; quanto a mim, certamente que, mesmo numa circunstancia vagamente semelhante, nunca daria tais conselhos. Mas quero dizer que tive razão em seguir os dela, e que, se tivesse procedido doutro modo, eu teria sofrido mais coma a continuação do noivado do que sofri renunciando a ele, porque teria sofrido na minha consciência.
Tanto quanto tal sentimento é permitido na natureza humana, eu não tenho agora nada a a censurar a mim própria; e, se não estou enganada, um forte sentido de dever não é um mau quinhão do dote de uma mulher”

Anne, justifica a acção do passado dizendo que a lady Russell era como uma mãe para ela e que se não a visse assim ficaria com a consciência pesada pois achava que estava a assumir o seu dever. Com isto leva Frederick Wentworth a reflectir e a chegar à conclusão de que ele depois ter ganho a fortuna poderia voltar mas o orgulho deste o impediu. Por fim a persuasão que Anne exerceu sobre este foi bem sucedida fazendo com que Wentworth aceitasse o reconhecimento que Anne sempre o amou.


sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Ensaio filosófico sobre a persuasão

A criação da linguagem levou a que houvesse uma nova maneira de defender os ideais de cada pessoa sem que confrontos físicos fossem necessários. A maneira de persuadir e a sabedoria de utilizar estas maneiras passou a ser a principal resolução de muitas discussões e debates. Mas como persuadir um auditório? Todas as formas de persuasão são aceitáveis? É, de facto, um problema que merece diversas opiniões. Como a maneira de persuadir o auditório depende das estratégias retóricas existentes (ethos, pathos, logos), é importante saber distingui-las e conhecer os seus conteúdos. Segundo a estratégia ethos, o orador persuadirá com mais facilidade o auditório quanto maior for a sua credibilidade perante o auditório, em retórica, designa a persuasão centrada no carácter. Pathos, em retórica, designa a persuasão centrada na paixão do auditório, ou seja, refere-se àquilo que de emocional existe na adesão do auditório à tese proposta. A estratégia logos, em retórica, é a persuasão centrada na tese (estilo, estrutura racional e argumentos), respeitando a inteligência e a racionalidade do auditório, ainda que seja condicionada pelo estado cognitivo do auditório.O uso racional e em conjunto destas estratégias leva-me a opinar que é a melhor forma de persuadir um auditório. Usando a persuasão racional não precisamos de recorrer a estratégias imorais para ganhar um debate. Mesmo que não se ganhe o debate o mais importante é garantir a justiça e a verdade nos argumentos que damos para defender a nossa tese. Para além de nos fazer pensar e evoluirmos a nossa capacidade mental, a persuasão racional respeita a autonomia das pessoas e dirige-se à sua inteligência. Não sendo a minha opinião a única existente, pode haver quem afirme que o uso das estratégias retóricas de forma irracional seja a maneira mais eficaz de persuadir o auditório, pois, a persuasão racional pode ser refutada e estimula a crítica, não sendo, por isso, eficaz. Pois, para as pessoas que a manipulação das estratégias retóricas é a maneira mais eficaz de persuadir o auditório eu contrario-os, pois, o auditório não precisa de ser manipulado e ameaçado para definir quem tem razão, basta saber utilizar os melhores argumentos para que, sem acções imorais, o auditório decida quem tem a razão do seu lado. Tomemos este ensaio filosófico como exemplo, em que eu, o autor, pretendo que os leitores concordem com a minha tese. Se eu usasse a persuasão irracional como forma de persuadir os leitores, eu usaria o ethos utilizar palavras cativantes e caracterizadoras de um carácter verdadeiramente convincente e usaria a estratégia pathos para causar medo aos leitores. Como resultado eu obteria um auditório persuadido mas que considerassem os meus argumentos vindos de uma pessoa com grande credibilidade e sentiam-se com medo pois eu ameacei-os ao expressar os meus argumentos. Este auditório não foi persuadido pela estratégia mais racional que é a logos, em que se usam argumentos como forma de persuadir e, assim, não houve um debate, pois eu impedi que as outras pessoas pensassem sequer no assunto. Este exemplo leva-me a responder ao outro problema apresentado, em que penso que todas as formas de persuasão podem ser aceitáveis desde que sejam utilizadas de maneira racional sem manipular o auditório. No entanto, só uma forma de persuasão é verdadeiramente aceitável e nunca pode ser irracional, sendo essa a logos. A utilização das três estratégias, racionalmente, só é possível porque as emoções (pathos) que o discurso (logos) do orador suscitam no auditório têm um papel importante na construção do carácter (ethos) do orador e, desse modo, da sua capacidade de persuasão. A minha capacidade de persuasão, ou parte dela, foi posta à prova e, penso que só através da racionalidade, que optei por utilizar a meu favor, se pode debater questões importantes no mundo sem que o objectivo seja a eficácia, mas sim a verdade e a justiça que são dos valores mais importantes na sociedade. Justiça, política e outras áreas da sociedade são os grandes utilizadores da retórica em que todos esperam que seja utilizada de forma racional sem causar mal-estar ao auditório, e obviamente a cada um de nós.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Adolfo Hitler

O ditador Adolfo Hitler, foi o primeiro a integrar a retórica em gigantescos espectáculos de propaganda, produzindo um poderoso efeito hipnótico sobre os auditórios. 

Os discursos de Hitler eram cuidadosamente ensaiados. Modelações no tom de voz, gestos dramáticos, olhares acutilantes, e expressões faciais acentuavam os momentos mais importantes dos seus discursos. Os discursos abordavam de forma muito emocional quase sempre os mesmos temas: o ódio aos judeus, o desemprego e o orgulho ferido da Alemanha.
Os locais eram decorados de forma a acentuar a sua presença. As paradas militares, bandeiras e símbolos conferiam à sua figura e palavras uma dimensão sobrenatural.

Exemplos de manipulação - 4

Em 1801 a Espanha usurpou um importante concelho português - Olivença. Durante dois séculos a população que não foi exterminada tem vido a sofrer uma brutal manipulação da sua identidade cultural. A língua portuguesa foi proibida, assim como as suas tradições. Até o nome do concelho, das ruas e das suas povoações foram alterados de português para espanhol. A própria história de Olivença  foi modificada de forma a legitimar a usurpação. Para este enorme processo de manipulação foram também aliciados muitos portugueses, que a troco de umas lentilhas participaram neste trabalho de manipulação.     
Objectivo da manipulação: omitir um etnocídio e legitimizar a usurpação de um território português.

Exemplos de manipulação - 3

O incêndio do Reichstag (Parlamento da Alemanha), em 1933, prontamente atribuído por Adolf Hitler aos judeus, foi o pretexto para se difundir a caça aos judeus, eslavos e ciganos neste país. A imprensa alemã, em grande parte dominada pelos nazis, estimulou de forma continuada o ódio a estes grupos sociais e preparou o clima social para a aceitação do seu extermínio.
Objectivo da manipulação: a conquista total do poder pelos nazis.

Exemplos históricos de manipulação - 2

Estação de comboios de Atocha (Madrid). Imagem do brutal atentado terrorista que matou dezenas de pessoas que seguiam neste comboio. 







Logo após o atentado de Madrid de 11 de Março de 2004, o governo espanhol  procurou deliberadamente manipular a comunicação social, veiculando informações no sentido de fazer crer à população que a ETA era a autora do atentado ( A ETA é uma organização fundada em finais dos anos 50 e  que luta pela Independência do país Basco (Euskadia). O próprio primeiro-ministro da altura (José Maria Aznar) pressionou directamente directores de jornais para veicularem uma informação que sabia ser falsa. 
Objectivo da manipulação: vencer uma disputada eleitoral.

Exemplos históricos de manipulação - 1


Os meses que precederam à ocupação do Iraque, em  19 de Março de 2003, assistiu-se a uma campanha de manipulação da informação a nível mundial. 
As principais agências de comunicação social divulgavam informações provenientes das mais diversas fontes e origens, todas num único sentido: sustentarem a tese dos EUA de que o ditador do Iraque possuía armas de destruição maciça .
Em vários países, como Portugal, muitos jornalistas e especialistas em questões militares apoiaram activamente esta campanha preparando a opinião pública para aceitar a inevitabilidade de uma intervenção no Iraque, a fim de acabar com os arsenais e a produção das alegadas armas de destruição maciça.
Um ano depois da ocupação, os governos dos EUA e da Grã-Bretanha  reconheciam que estas armas não existiam e que haviam enganado a opinião pública. Acusaram na altura os seus serviços de espionagem de lhes terem fornecido informações falsas. 
Objectivo da manipulação: o controlo das enormes reservas de petróleo existentes no Iraque. 

A importância dos meios de comunicação.

Os meios de comunicação tornaram-se hoje palcos privilegiados da disputa  política. Acontece que os políticos não estão agora sós, mas confrontam-se agora também com correntes de interesses organizadas que actuando através dos jornalistas e outros agentes, procurando apresentar uma dada opinião como a Vontade da População.   

A única forma dos cidadãos evitarem cair nestes processos de manipulação é tornaram-se mais vigilantes em relação às instituições democráticas e aos orgãos de informação. adoptando uma atitude de permanente reflexão crítica sobre a informação que lhes é fornecida.

Formas difusas de manipulação: diversão.

Uma das formas actualmente mais eficazes de manipular os cidadãos é através da diversão (distração). Quando ocorrem certas situações poucos favoráveis a quem controla os diferentes poderes, os orgãos de comunicação social transformam-se frequentemente em orgãos de distração: a produção de informações  aumenta sem qualquer critério de relevância política, de modo a fazer passar despercebidos factos incómodos ou a torná-los insignificantes pelo excesso de informação.

Formas difusas de manipulação: ilusão da discussão pública.

Para tornar convincente a opinião que produzem, como sendo a opinião dos cidadãos, os jornais ou a televisão utilizavam várias técnicas para criar a ilusão de que são meros instrumentos neutrais que veiculam apenas aquilo que estes discutem e defendem. Neste sentido simulam debates, realizam sondagens, realizam entrevistas ao vivo, etc. Os comentadores ou pessoas que nelas aparecem são frequentemente apresentados como os representantes dos cidadãos. Nada é dito porque foram escolhidos uns e não outros. A ideia é  que o leitor ou o espectador tenha a ilusão que aquele que fala é o representante de todos os trabalhadores, ou de todos os patrões, os estudantes, as mulheres, etc.

Formas difusas de manipulação: informar ou fabricar opiniões?

Os novos meios de comunicação, promovidos e controlados pelos grandes grupos económicos, não se limitaram todavia a serem simples intrumentos de comunicação, passaram também a produzir opiniões de acordo com os interesses de quem controla estes meios.

Dado o seu impacto social desde muito cedo começaram também a produzir ou a forjarem  a opinião pública dos cidadãos. 

A comunicação social nas sociedades democráticas possui uma enorme influência sobre as pessoas, não apenas consegue dizer em que devem pensar, mas também como devem pensar sobre isso . As mais sujeitas a esta influência são naturalmente as que possuem menos recursos intelectuais ou estão pior  preparadas para lidar com os media (televisão, rádios, jornais, etc).   

Formas difusas de manipulação: meios de comunicação.

Com o crescente isolamento surgiu também a necessidade de se encontrar meios de comunicação entre os indivíduos atomizados que íam sendo produzidos. É neste contexto que foram criados e desenvolvidos os novos meios de comunicação de massa: 

- Jornais. Ainda ligada aos espaços públicos, marca a transição para os novos processos de comunicação de massa;
- Rádio. Recepção privada, fora dos espaços públicos;
- Cinema;
- Televisão. Recepção maioritariamente privada, fora dos espaços públicos;
- Internet;
- Telemóveis, e outros. 

Formas difusas de manipulação: destruição dos espaços públicos.

Esta profunda transformação social foi acompanhada pela destruição daquilo que se chama espaço público, os lugares onde há encontros entre os cidadãos. Era nestes espaços públicos que se construía a Opinião Pública.

Formas difusas de manipulação: condições sociais.

As actuais sociedades urbanas nasceram da desagregação das sociedades rurais onde predominavam fortes laços tradicionais (familia, comunidade), contribuindo para o crescente isolamento dos individuos. Sem ligações a famílias, comunidades ou a nenhum território em concreto, tornaram-se desta forma extremanente permeáveis aos processos de manipulação. Não tendo ninguém com quem discutir a informação que recebem tendem a acreditar no que dizem os meios de comunicação. 

Formas difusas de manipulação: o que são?

Os processos de manipulação da informação são todavia mais amplos, e estão largamente disseminados nas sociedades democráticas ocidentais, utilizando-se técnicas muito sofisticadas, mas não menos eficazes, nomeadamente porque os cidadãos estão desprevenidos.

Formas directas de manipulação: a propaganda.

Na propaganda, a informação é forjada de forma a provocar uma adesão imediata a certos estímulos, explorando para tal as emoções ou os medos das pessoas.
Durante a 1ª. Guerra Mundial (1914-1945), as técnicas de propaganda aos serviços dos Estados tornaram-se enormes máquinas de mobilização de massa, dotadas de enormes recursos técnicos, que foram depois eficazmente aplicados e desenvolvidos pelos diferente regimes totalitários.     

Em Portugal, uma das primeiras acções da ditadura (1926-1974) foi a de criar importantes orgãos de propaganda do regime. O regime de nazi, foi contudo aquele mais desenvolveu as técnicas de propaganda  e as aplicou com grande êxito. No Congresso de Nuremberg, em 1936, Hitler afirmou: "a propaganda conduziu-nos ao poder, a propaganda permitiu-nos conservar depois o poder, a propaganda, ainda, dar-nos-à a possibilidade de conquistar o mundo".  Uma das suas acções mal conquistou o poder foi criar um Ministério da Propaganda, dotando-o de enormes recursos. A propaganda nazi assentava em ideias muito simples, que podiam ser facilmente apreendidas pelas pessoas. Estas ideias apelavam à emoção, estimulando reacções de medo, ódio, violência e desejo de vingança.

Formas directas de manipulação: a censura.

Na censura, a informação é manipulada não apenas tendo em vista omitir factos relevantes, mas também deformar o conteúdo da informação veiculada de modo a que a mesma se ajuste às ideias dos censores.


Em Portugal, a censura foi um dos instrumentos mais utilizados pela ditadura  (1926-1974) para a manipulação da opinião pública: a informação que era autorizada era previamente mutilada. A restante era simplesmente proibida.

Destruição pública de livros em Berlim (10 de Maio de 1933).
.
Na Alemanha nazi (1933-1945) ficaram tristemente célebres a destruição pública de milhões livros, mas também de obras de arte de autores considerados "degenerados" pelo regime hitleriano.

Formas directas de Manipulação: o que são?

As formas de manipulação mais conhecidas são as realizadas pelos regimes ditatoriais.
Neste caso identifica-se facilmente quem as faz, com que objectivos e os meios que utiliza.
Meios utilizados: a censura e a propaganda.

Persuasão e manipulação: características.

Persuasão:
  • É o bom uso da retórica;
  • Tenta levar-se um auditório a aderir a uma tese ou a uma acção;
  • Não se impõe nada, dá-se liberdade aos ouvintes para reflectirem e decidirem individualmente;
  • O orador procura ajudar a ultrapassar as limitações da racionalidade do auditório;
  • Há uma relação de igualdade entre orador e ouvintes, estes são respeitados por aquele;
  • Os objectivos da argumentação estão definidos e são claros, há transparência;
  • Há autores que chamam à persuasão "retórica branca" ou persuasão racional;
  • Fomenta-se o espírito crítico e a autonomia de cada um;
  • O orador vê os ouvintes como seres iguais a si e aceita a decisão deles;
  • A persuasão é moralmente aceite porque há um uso racional da palavra e "o outro" é visto como um outro "eu".
Manipulação:
  • É o mau uso da retórica;
  • É fazer com que outros aceitem ou realizem algo contra os seus melhores interesses;
  • Há uma imposição, tentando evitar a reflexão e a liberdade de decisão dos ouvintes;
  • O manipulador procura usar a seu favor as limitaçãoes da racionalidade do auditório;
  • Há uma relação vertical, desigual, em que os ouvintes são usados como instrumentos ao serviço do manipulador;
  • Os objectivos são escondidos ou apresentam-se de forma confusa para não suscitar reflexão, não há transparência;
  • Há autores que chamam à manipulação "retórica negra" ou persuasão irracional;
  • O manipulador tenta evitar o espírito crítico e procura desviar as atenções do próprio tema que se devia debater, anulando ao máximo a autonomia dos ouvintes e a sua capacidade de avaliação da situação;
  • Na manipulação há um desprezo claro pela individualidade e liberdade de decisão dos ouvintes;
  • O manipulador vê os ouvintes como seres inferiores, que ele usa em proveito próprio;
  • A manipulação é moralmente inaceitável porque há má fé e desrespeito pelos outros, os quais são considerados como meios ao serviço de alguém com objectivos ocultos.

Estratégias e técnicas para a manipulação da opinião pública e da sociedade

1- A estratégia da diversão

Elemento primordial do controle social, a estratégia da diversão consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e da mutações decididas pelas elites políticas e económicas, graças a um dilúvio contínuo de distracções e informações insignificantes.

A estratégia da diversão é igualmente indispensável para impedir o público de se interessar pelos conhecimentos essenciais, nos domínios da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética.

"Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por assuntos sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar, voltado para a manjedoura com os outros animais"


2- Criar problemas, depois oferecer soluções
Este método também é denominado "problema-reacção-solução". Primeiro cria-se um problema, uma "situação" destinada a suscitar uma certa reacção do público, a fim de que seja ele próprio a exigir as medidas que se deseja fazê-lo aceitar. Exemplo: deixar desenvolver-se a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público passe a reivindicar leis securitárias em detrimento da liberdade. Ou ainda: criar uma crise económica para fazer como um mal necessário o recuo dos direitos sociais e desmantelamento dos serviços públicos.

3- A estratégia do esbatimento
Para fazer aceitar uma medida inaceitável, basta aplicá-la progressivamente, de forma gradual, ao longo de 10 anos. Foi deste modo que condições sócio-económicas radicalmente novas foram impostas durante os anos 1980 e 1990. Desemprego maciço, precariedade, flexibilidade, deslocalizações, salários que já não asseguram um rendimento decente, tantas mudanças que teriam provocado uma revolução se houvessem sido aplicadas brutalmente.

4- A estratégia do diferimento
Outro modo de fazer aceitar uma decisão impopular é apresentá-la como "dolorosa mas necessária", obtendo o acordo do público no presente para uma aplicação no futuro. É sempre mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro porque a dor não será sofrida de repente. A seguir, porque o público tem sempre a tendência de esperar ingenuamente que "tudo irá melhor amanhã" e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Finalmente, porque isto dá tempo ao público para se habituar à ideia da mudança e aceitá-la com resignação quando chegar o momento.
Exemplo recente: a passagem ao Euro e a perda da soberania monetária e económica foram aceites pelos países europeus em 1994-95 para uma aplicação em 2001. Outro exemplo: os acordos multilaterais do FTAA (Free Trade Agreement of the Americas) que os EUA impuseram em 2001 aos países do continente americano ainda reticentes, concedendo uma aplicação diferida para 2005.

 5- Dirigir-se ao público como se fossem crianças pequenas
A maior parte das publicidades destinadas ao grande público utilizam um discurso, argumentos, personagens e um tom particularmente infantilizadores, muitas vezes próximos do debilitante, como se o espectador fosse uma criança pequena ou um débil mental. Exemplo típico: a campanha da TV francesa pela passagem ao Euro ("os dias euro"). Quanto mais se procura enganar o espectador, mais se adopta um tom infantilizante. Porquê?
"Se se dirige a uma pessoa como ela tivesse 12 anos de idade, então, devido à sugestibilidade, ela terá, com uma certa probabilidade, uma resposta ou uma reacção tão destituída de sentido crítico como aquela de uma pessoa de 12 anos".
6- Apelar antes ao emocional do que à reflexão
Apelar ao emocional é uma técnica clássica para curto circuitar a análise racional e, portanto, o sentido crítico dos indivíduos. Além disso, a utilização do registo emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para ali implantar ideias, desejos, medos, pulsões ou comportamentos...

 7- Manter o público na ignorância e no disparate
Actuar de modo a que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para o seu controle e a sua escravidão.
"A qualidade da educação dada às classes inferiores deve ser da espécie mais pobre, de tal modo que o fosso da ignorância que isola as classes inferiores das classes superiores seja e permaneça incompreensível pelas classes inferiores". (cf. "Armas silenciosas para guerra tranquilas" )

8- Encorajar o público a comprazer-se na mediocridade
Encorajar o público a considerar "fixe" o facto de ser idiota, vulgar e inculto...

 9- Substituir a revolta pela culpabilidade
Fazer crer ao indivíduo que ele é o único responsável pela sua infelicidade, devido à insuficiência da sua inteligência, das suas capacidades ou dos seus esforços. Assim, ao invés de se revoltar contra o sistema económico, o indivíduo se auto-desvaloriza e auto-culpabiliza, o que engendra um estado depressivo que tem como um dos efeitos a inibição da acção. E sem acção, não há revolução!..

10- Conhecer os indivíduos melhor do que eles se conhecem a si próprios
No decurso dos últimos 50 anos, os progressos fulgurantes da ciência cavaram um fosso crescente entre os conhecimentos do público e aqueles possuídos e utilizados pelas elites dirigentes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o "sistema" chegou a um conhecimento avançado do ser humano, tanto física como psicologicamente. O sistema chegou a conhecer melhor o indivíduo médio do que este se conhece a si próprio. Isto significa que na maioria dos casos o sistema detém um maior controle e um maior poder sobre os indivíduos do que os próprios indivíduos.