sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Ensaio filosófico sobre a persuasão

A criação da linguagem levou a que houvesse uma nova maneira de defender os ideais de cada pessoa sem que confrontos físicos fossem necessários. A maneira de persuadir e a sabedoria de utilizar estas maneiras passou a ser a principal resolução de muitas discussões e debates. Mas como persuadir um auditório? Todas as formas de persuasão são aceitáveis? É, de facto, um problema que merece diversas opiniões. Como a maneira de persuadir o auditório depende das estratégias retóricas existentes (ethos, pathos, logos), é importante saber distingui-las e conhecer os seus conteúdos. Segundo a estratégia ethos, o orador persuadirá com mais facilidade o auditório quanto maior for a sua credibilidade perante o auditório, em retórica, designa a persuasão centrada no carácter. Pathos, em retórica, designa a persuasão centrada na paixão do auditório, ou seja, refere-se àquilo que de emocional existe na adesão do auditório à tese proposta. A estratégia logos, em retórica, é a persuasão centrada na tese (estilo, estrutura racional e argumentos), respeitando a inteligência e a racionalidade do auditório, ainda que seja condicionada pelo estado cognitivo do auditório.O uso racional e em conjunto destas estratégias leva-me a opinar que é a melhor forma de persuadir um auditório. Usando a persuasão racional não precisamos de recorrer a estratégias imorais para ganhar um debate. Mesmo que não se ganhe o debate o mais importante é garantir a justiça e a verdade nos argumentos que damos para defender a nossa tese. Para além de nos fazer pensar e evoluirmos a nossa capacidade mental, a persuasão racional respeita a autonomia das pessoas e dirige-se à sua inteligência. Não sendo a minha opinião a única existente, pode haver quem afirme que o uso das estratégias retóricas de forma irracional seja a maneira mais eficaz de persuadir o auditório, pois, a persuasão racional pode ser refutada e estimula a crítica, não sendo, por isso, eficaz. Pois, para as pessoas que a manipulação das estratégias retóricas é a maneira mais eficaz de persuadir o auditório eu contrario-os, pois, o auditório não precisa de ser manipulado e ameaçado para definir quem tem razão, basta saber utilizar os melhores argumentos para que, sem acções imorais, o auditório decida quem tem a razão do seu lado. Tomemos este ensaio filosófico como exemplo, em que eu, o autor, pretendo que os leitores concordem com a minha tese. Se eu usasse a persuasão irracional como forma de persuadir os leitores, eu usaria o ethos utilizar palavras cativantes e caracterizadoras de um carácter verdadeiramente convincente e usaria a estratégia pathos para causar medo aos leitores. Como resultado eu obteria um auditório persuadido mas que considerassem os meus argumentos vindos de uma pessoa com grande credibilidade e sentiam-se com medo pois eu ameacei-os ao expressar os meus argumentos. Este auditório não foi persuadido pela estratégia mais racional que é a logos, em que se usam argumentos como forma de persuadir e, assim, não houve um debate, pois eu impedi que as outras pessoas pensassem sequer no assunto. Este exemplo leva-me a responder ao outro problema apresentado, em que penso que todas as formas de persuasão podem ser aceitáveis desde que sejam utilizadas de maneira racional sem manipular o auditório. No entanto, só uma forma de persuasão é verdadeiramente aceitável e nunca pode ser irracional, sendo essa a logos. A utilização das três estratégias, racionalmente, só é possível porque as emoções (pathos) que o discurso (logos) do orador suscitam no auditório têm um papel importante na construção do carácter (ethos) do orador e, desse modo, da sua capacidade de persuasão. A minha capacidade de persuasão, ou parte dela, foi posta à prova e, penso que só através da racionalidade, que optei por utilizar a meu favor, se pode debater questões importantes no mundo sem que o objectivo seja a eficácia, mas sim a verdade e a justiça que são dos valores mais importantes na sociedade. Justiça, política e outras áreas da sociedade são os grandes utilizadores da retórica em que todos esperam que seja utilizada de forma racional sem causar mal-estar ao auditório, e obviamente a cada um de nós.