domingo, 12 de dezembro de 2010

Ficha de leitura nº1 de Maria Gonçalves

FICHA DE LEITURA




Nome: Maria João Meira Gonçalves
Grupo: Daniela Marinho, Maria João, Rita Peixoto e Susana Pais
Tema: Persuasão e manipulação
Título: Persuasão
Data: 11 Dezembro 2010
Autor: Jane Austen
Local: Porto
Editora: Book it
Cota:



Síntese/Citações/Esquemas/Tópicos/Reflexões:

Síntese



A fortaleza das personagens femininas dos romances de Jane Austen, desponta em toda a sua glória com a heroína de “Persuasão”, Anne Elliot. Por detrás de uma aparência de fragilidade, de submissão incondicional a um pai indiferente e narcisista que vive rodeado de espelhos na mansão da família, e a uma irmã escrava das convenções sociais em vigor, Anne não abdica da sua independência intelectual.
Contudo, a personagem Anne Elliot sofre uma evolução nos dois momentos chave da obra. Enquanto jovem requestada por um simples Capitão da Marinha Britânica sem posição social nem fortuna, ela cede ao peso do parecer familiar: Wentworth não era um partido ao nível da fidalguia que o nome Elliot comportava. Apesar do amor que por ele sentia, Anne cede às exigências familiares, deixa-se persuadir por uma ilusão imposta e termina um noivado que nunca chegara a efectivar-se. Oito anos passados desde a decisão que a mortificara, Anne reencontra o Capitão Wentworth devido ao facto de Sir Walter Elliot se ver obrigado a alugar Kellynch-Hall, a casa no Somersetshire desde sempre habitada pela família, ao Almirante Croft e esposa (irmã do Capitão Wentworth), graças a problemas financeiros. E Anne, ao revê-lo e apesar do desinteresse aparente por ele manifestado, persuade-se de que nunca deixara de o amar. E é esta cedência íntima da heroína à inevitabilidade do seu amor por Wentworth que acompanhamos ao longo da quase totalidade do livro.
Wentworth mostra-se interessado em assentar, agora que conseguira posição e fortuna consideráveis após várias comissões no estrangeiro, no entanto, o orgulho ferido pela rejeição de que fora vítima, a certeza de que a Anne faltava o carácter necessário para impor uma vontade férrea, levam-no a procurar noiva noutra casa de família onde o seu nome não estivesse manchado pela lembrança de um tão ignominioso repúdio. Assim, Wentworth deixa-se também ele persuadir mas pela convicção de que a sua presença junto de uma certa jovem, era entendida como genuíno interesse e cede à possibilidade de ter de, por uma questão de honra, pedir a mão em casamento a Louisa Musgrove.
Preparado que estava para assumir as suas responsabilidades, um incidente com Louisa obriga-a a convalescer na companhia de um amigo de Wentworth e com a ausência deste, um inesperado noivado é dado a conhecer entre ambos. Wentworth estava liberto da suposta obrigação em que se vira enredado.
E desta forma, o antigo sentimento que o unira a Anne aflora-lhe novamente ao coração e deixa-se abandonar, persuadido que finalmente estava de que nunca deixara de a amar, ao fito único de a “acompanhar” onde quer que ela se encontrasse.
Um feliz desencadear de acontecimentos, provocados por acasos duvidosos (parecendo mais “manipulados” por um braço mecânico que consolida as peças da história por forma a que Anne e Wentworth se encontrassem frente a frente desnudados de preconceitos) provocam a compreensão de ambos os envolvidos nesta história de amor, a compreensão de que é inútil fugir ao sentimento que os avassala e de que os outros são apenas isso: Outros. O tempo é dos que se amam e o amor vence sempre.

Citações

“ Sendo muito bonita e muito parecida com o pai, exercera uma grande influência sobre ele.”
“Consultou-a e foi, até certo ponto, influenciada por ela ao traçar o esquema de poupança que foi, por fim, submetido a Sr. Walter.”
“Queria que isso fosse recomendado e considerado como um dever.”
“Sr.Walter e Elizabeth foram levados a acreditar que, com a mudança, não iriam perder importância nem deixariam de se divertir.”
“Lady Russell tinha outra excelente razão para se sentir extremamente satisfeita por Sir Walter e a sua família irem sair da região.”
“Na realidade, Lady Russell tinha muito pouca influencia junto a Elizabeth.”
“ …me deixo convencer a alugar a casa”
“ …na sua ansiedade de assegurar que Sir Walter aceitasse um oficial da Marinha como inquilino …”
“Iludiu-me com o termo cavalheiro.”
“Considerá-lo como desejo certo de todas as pessoas com possibilidades de te influenciar.”
“Se eu errei ao ceder uma vez à persuasão, lembra-te de que foi uma persuasão exercida a pensar na segurança, não no risco.”


Tópicos

      ·         A persuasão tenta levar-se um auditório a aderir a uma tese ou a uma acção
  • A persuasão é moralmente aceite porque há um uso racional da palavra e "o outro" é visto como um outro "eu".
  • Há uma relação de igualdade entre orador e ouvintes
  • Os objectivos da argumentação estão definidos e são claros, há transparência
  • O orador vê os ouvintes como seres iguais a si e aceita a decisão deles
  • A persuasão é  o bom uso da retórica
  • Nesta não se impõe nada, dá-se liberdade aos ouvintes para reflectirem e decidirem individualmente;
  • A argumentação para ser convincente tem de fazer apelo à razão, ao julgamento de quem participa ou assiste ao confronto de ideias.

Reflexão

“Concordo absolutamente com o meu pai e também acho que um oficial de Marinha seria óptimo
inquilino. Eu já conheci muitos; e, além da sua liberalidade, são muito arrumados e cuidadosos! Estes seus valiosos quadros, Sir Walter, se decidisse deixá-los cá, estariam perfeitamente seguros. Tudo o que está cá dentro e à volta da cãs seria extremamente bem cuidado! Os jardins e os bosques seriam tão bem tratados como são agora. Não tenha receio, Miss Elliot, de que o seu belo jardim seja negligenciado.”

Neste excerto é notável a persuasão entre Dr. Shepherd e Sir Walter. O que pretendia Dr. Shepherd era fazer com que Sir Walter alugasse a sua casa ao Cavalheiro da Marinha. Para isso usou argumentos que levassem este ultimo a aceitar a proposta. Usou argumentos necessários que afirmavam que podia confiar no oficial da Marinha, assegurando que a casa ficaria igual a partir do momento que fosse alugada. Dr. Shepherd usa argumentos para provocar a adesão a que este pretendia, dá liberdade ao Walter para que este reflicta e decida individualmente, faz o apelo a processos menos racionais e usa argumentos sedutores porque Dr. Shepherd reforça os seus argumentos despertando emoções. Como resultado desta persuasão bem empregue Sir Walter aceitou então a conclusão de Shepherd e aceitou alugar a casa ao oficial de Marinha.

“Tenho estado a pensar no passado e a tentar julgar imparcialmente o que esteve certo e o que esteve errado, quero dizer, a respeito de mim própria; sou obrigada a acreditar que tive razão, por muito que tenha sofrido por causa disso, que tive razão em me deixar guiar por uma amiga de quem vais gostar mais do que agora gostas. Para mim, ela era como minha mãe. Não me interpretes mal, porém. Foi talvez, um daqueles casos em que o concelho é bom ou mau segundo o desenrolar dos acontecimentos; quanto a mim, certamente que, mesmo numa circunstancia vagamente semelhante, nunca daria tais conselhos. Mas quero dizer que tive razão em seguir os dela, e que, se tivesse procedido doutro modo, eu teria sofrido mais coma a continuação do noivado do que sofri renunciando a ele, porque teria sofrido na minha consciência.
Tanto quanto tal sentimento é permitido na natureza humana, eu não tenho agora nada a a censurar a mim própria; e, se não estou enganada, um forte sentido de dever não é um mau quinhão do dote de uma mulher”

Anne, justifica a acção do passado dizendo que a lady Russell era como uma mãe para ela e que se não a visse assim ficaria com a consciência pesada pois achava que estava a assumir o seu dever. Com isto leva Frederick Wentworth a reflectir e a chegar à conclusão de que ele depois ter ganho a fortuna poderia voltar mas o orgulho deste o impediu. Por fim a persuasão que Anne exerceu sobre este foi bem sucedida fazendo com que Wentworth aceitasse o reconhecimento que Anne sempre o amou.